CONSTRUTORES DE MUROS
4 – Os muros seguros da devoção e amor a Deus
Ao longo da história da igreja, sem nenhuma dúvida, pela negligência no ensino da Palavra de Deus aos filhos, e pela introdução que foi sendo feita, pouco a pouco, de ideias seculares e populares, o sincretismo foi ganhando espaço e as novas gerações foram se afastando mais e mais da verdade de Deus, de acordo com a Bíblia, para se aproximarem de afirmações tidas como verdadeiras, mas não em conformidade com a Bíblia, e sim com o que se classifica hoje como a Tradição da Igreja. Surgiu uma Igreja firmada na tradição e não na Bíblia. Os muros da fidelidade à Palavra de Deus foram sucumbindo.
Marinho Lutero viveu numa época quando os muros estavam desmoronados, e embora outros homens de Deus já se apercebessem e lutassem contra esta situação caótica, Lutero teve uma importância extraordinária, por sua coragem para enfrentar o poder religioso do Romanismo, e lançar os fundamentos para erguer o muro, que ficou conhecido como a Reforma Protestante, numa volta à autoridade da Bíblia.
Entre as várias preocupações de Lutero, é interessante destacar a sua preocupação com as crianças e a importância que ele deu para o ensino da Palavra de Deus aos pequeninos. É dele uma citação bem desafiadora: “Ninguém deveria tornar-se pai a menos que seja capaz de instruir os seus filhos nos Dez Mandamentos e nos Evangelhos, e que, antes de tudo, deseje que os seus filhos sejam instruídos nas realidades espirituais”.
Já vimos textos no Antigo Testamento que deixam bem claro que esta negligência dos pais em obedecer a Deus, ensinando as realidades espirituais aos seus filhos, foi o grande pecado que cometeram. Gerações foram surgindo que não sabiam quem era o Senhor, nem o Seu poder e nem as Suas maravilhas. Uma verdadeira tragédia! E os muros ficavam caídos.
O plano de Deus sempre foi que as crianças tivessem pais e famílias que construíssem muros seguros para protegê-las. Sim, com paredes seguras de devoção e amor ao Senhor, com paredes seguras de ensino dos princípios eternos. Veja bem que Moisés, falando ao povo de Israel que estava prestes a entrar na Terra Prometida, após deixar bem claros os dez mandamentos do Senhor, transmitiu-lhe a ordem de Deus: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.6, 7).
Instruir os filhos nos Dez Mandamentos, como disse Lutero, é construir um muro sobre um alicerce sólido. Papais e mamães: saber edificar esses muros na vida de seus filhos é o mais prioritário dos deveres. Ninguém deveria tornar-se pai a menos que seja capaz de instruir os seus filhos nos Dez Mandamentos e nos Evangelhos, e que, antes de tudo, deseje que os seus filhos sejam instruídos nas realidades espirituais.
1ª. Pedra – DEUS QUER QUE SAIBAMOS QUE HÁ UM ÚNICO DEUS
Vamos meditar neste artigo sobre a construção dos muros com base no ensino dos Dez Mandamentos. A primeira “pedra” do muro tem a ver com o relacionamento, nosso e dos nossos filhos, com Deus. A pedra diz: Deus quer que saibamos que há um único Deus, e que Ele deve ser amado acima de tudo, como está escrito em Dt 6.5: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”. O ensino dos dois primeiros mandamentos deixa esta verdade muito clara (Dt 5.7-10):
- Não terás outros deuses diante de mim.
- Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
As crianças precisam compreender a loucura da idolatria. Foi Lutero também quem afirmou: “Aquilo que uma pessoa mais ama, isso é o seu Deus”! Talvez esteja aí a chave para entender o porquê de os muros estarem caídos: falta amor para com Deus. Colocamos diversas coisas e pessoas em primeiro lugar e não o Senhor. Nossos filhos percebem o que é que nos motiva, nos norteia, nos impulsiona; se são as realidades espirituais ou se são as realidades terrenas e seculares.
2ª. Pedra – DEUS QUER QUE TENHAMOS CUIDADO COM A NOSSA LÍNGUA
Uma outra pedra deste muro, é descobrir que: Deus quer que tenhamos cuidado com a nossa língua! Este ensino fica nítido no terceiro e no nono mandamentos (Dt 5.11, 20):
- Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
- Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
O muro do respeito para com o nome de Deus está caído. É preciso um sério compromisso para não sermos culpados deste terrível mal que incomoda os ouvidos a todo o instante, em toda e qualquer conversa: o uso do nome de Deus indevidamente. É o que está na boca de todos, sem nenhum respeito e consideração para com o Eterno Deus, o Criador do Universo. Temos que reparar essa pedra em nossa vida, como pais, e ajudar a edificá-la em nossos filhos. Semelhantemente, não abrir os lábios para mentir, para denegrir pessoas, para pecar por abuso verbal que machuca nos relacionamentos até dentro do lar e que, inclusive, machuca grandemente as crianças. Elas precisam ter esta pedra do muro bem alicerçada.
Gilberto Celeti
(Continua no próximo número)