1 – De Geração em Geração
Introduzindo o tema
Deixando de lado as especulações, as teorias, os conceitos mirabolantes e fantasiosos, entremos diretamente no assunto, à luz da Bíblia, a Palavra de Deus, com a compreensão clara e com a convicção firme que as suas verdades são verdades absolutas.
Destacamos assim, como introdução ao tema, os seguintes fatos:
1. Que o universo veio a existir pela vontade, sabedoria e poder do Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo.
2. Que o presente estado em que nos encontramos tem tudo a ver com o fato da desobediência e queda do ser humano, que foi criado à imagem e semelhança de Deus e se encontra agora num estado de pecado.
3. Que o desenrolar da história da humanidade está debaixo do controle de Deus.
4. Que nesta história, Deus desenvolve o seu projeto eterno da redenção do homem, através da pessoa e da obra de seu Filho Jesus Cristo.
5. Que Deus se revela ao homem através da Criação, da Providência, da Sua Palavra e de Jesus Cristo.
6. Que ao longo da história dois tipos distintos de pessoas tem andado sobre a face da terra, aqueles que viram as costas para o Criador e vivem para a satisfação dos seus desejos, chamados de uma geração má e perversa, e aqueles que ao contrário, são chamados de uma geração que busca a Deus.
De geração a geração
Refletir sobre o significado da palavra geração é muito interessante e proveitoso e inclui vários aspectos.
A palavra “genea” vem da raiz “gen” que quer dizer nascimento, descendência, desdobrando-se nos termos: descendentes, família e raça, por terem uma origem comum.
Usa-se a palavra geração para indicar aqueles que nasceram numa mesma época, sendo assim contemporâneos e que vivem suas vidas numa determinada extensão de tempo.
Neste sentido fala-se muito no conflito de gerações observando-se as diferenças entre a geração mais antiga, a geração mais jovem e a geração futura, os que hoje são os bebês.
Há ocasiões em que a palavra descreve especialmente um tipo de pessoa, como por exemplo: “Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2:40) ou “Tal é a geração dos que o buscam, dos que buscam a face do Deus de Jacó” (Salmo 24:6).
Esta nítida separação entre dois tipos de pessoas, que embora vivendo numa mesma época sejam claramente distintas, aparece várias vezes na Palavra de Deus: “Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Filipenses 2:15).
Um tema muito presente na Bíblia refere-se à transitoriedade do homem maravilhosamente definido no Salmo 90:10: “Os dias de nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigo, a oitenta, neste caso, o melhor deles é canseira e enfado porque tudo passa rapidamente, e nós voamos”.
Há alguns estudiosos que chegam a conclusão que setenta anos seria o número de anos que definiriam quanto dura uma geração. Outros chegam à conclusão que o número exato de anos de uma geração seria de quarenta anos, tomando como referência o tempo que Israel peregrinou pelo deserto, uma vez que as pessoas daquele período foram conhecidas como a “geração do deserto”.
O fato é que seja quarenta ou setenta anos, como comparar este período tão curto com a eternidade de Deus? O Salmista assim se expressa: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração”. (Salmo 90:1).
Uma passagem interessante para se considerar é aquela na qual Paulo afirma que “tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu a corrupção.” (Atos 13:36).
O livro de Eclesiastes enfatiza o tempo todo, a transitoriedade da vida do homem sobre a face da terra e que “tudo tem o seu tempo determinado” (Eclesiastes 3:1). Neste breve período de sua existência, o homem se lança completamente às inúmeras realizações que envolvem todos os aspectos de sua passagem pela vida, buscando “ser” alguém através não só do que faz, mas também dos seus relacionamentos. O argumento central é que o tempo vai passar e que chegará o momento em que “o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7), por isso, o mais importante e atender ao conselho final do pregador: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más”. (Eclesiastes 12:13,14).
Dentre as atividades do homem, que tem tão curta duração, há uma delas que sempre é muito negligenciada – a de transmitir os mandamentos do Senhor para a próxima geração.
Um pouco antes do juízo de Deus ser derramado sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, há uma afirmação que Deus faz a respeito de Abraão, aquele através do qual seriam benditas todas as nações da terra, que precisa ser criteriosamente considerada: “Porque eu o escolhi (Abraão) para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo” (Gênesis 18:19).
Quando uma nova geração de israelitas, nascida durante os 40 anos de peregrinação no deserto, finalmente vai entrar na Terra Prometida, recebe a ordem do Senhor para obedecer aos Seus mandamentos, estatutos e juízos para serem grandemente abençoados.
Moisés lhes diz que esses mandamentos tinham que ser observados pela geração que ouvia a palavra naquele momento, também pela geração dos seus filhos e ainda a geração dos filhos de seus filhos. Moisés ali enfatiza a responsabilidade daquela geração em três distintas situações:
1 – A de amar a Deus de todo o coração, com tudo o que havia neles e com tudo que eles eram.
2 – A de guardar no coração toda a Palavra do Senhor.
3 – A de levarem os seus filhos a se apropriarem completamente de toda a Palavra do Senhor.
Será que Israel seria obediente aos mandamentos do Senhor?
– continua no próximo mês –
Pr. Gilberto Celeti
Superintendente Nacional da APEC