Nosso tempo está marcado pelo “afastamento” de DEUS e da verdade da Sua Palavra, que é a verdade, e é exatamente isto que caracteriza a APOSTASIA.
Já falamos que numa época assim é urgente batalhar, quais soldados diligentes, bem equipados e esforçados, pela “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3). Não há novidade para ser acrescentada à sã doutrina, e nem tem cabimento afirmar que a Palavra de Deus não tem relevância para os dias atuais, ou que é preciso ajustar a Bíblia aos tempos atuais. Isto é um engano terrível.
Vimos no número anterior algumas verdades que precisamos ensinar as crianças e pelas quais elas precisam aprender a batalhar. Vejamos agora que ajudar uma criança a ser um bom soldado de Cristo implica ensinar-lhe que há uma guerra acontecendo e a “nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra as hostes espirituais da maldade”. Como lutar? Usando a armadura que está à nossa disposição. Trata-se da Armadura de Deus, descrita em Efésios 6:10-18.
III. VESTIR-SE COM A ARMADURA DE DEUS
Na época em que Paulo escreveu a carta aos efésios, os soldados usavam roupas especiais para protegê-los na luta corpo a corpo, e armas para que pudessem usar bem, e assim derrotar o inimigo que estivessem enfrentando.
O fato é que todos que pertencem a Deus, são atacados pelo inimigo de Deus, que é o diabo. Ele não é eterno como Deus e é também limitado em poder e conhecimento e nem pode, como Deus, estar presente em todos os lugares. Só Deus é Onipresente, Onisciente e Onipotente. Há algo, no entanto que precisamos saber, que Satanás, outro nome para o inimigo de Deus, dispõe de um imenso exército de demônios, chamados na Bíblia de “hostes espirituais da maldade”. Hostes significa “soldados inimigos bem armados”. Nós só podemos vencê-los usando a ARMADURA DE DEUS e a ordem de Deus é muito clara: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo.” (Efésios 6:11)
Esta armadura não é visível aos olhos humanos, porque é uma armadura espiritual providenciada por Deus. Paulo escrevendo para os crentes de Éfeso, deu uma breve descrição de cada uma das partes, na seguinte ordem:
- cinturão — “Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade” (Ef 6:14).
Para ter agilidade na luta, as vestes tinham que estar presas pelo cinto, se não o soldado ficaria atrapalhado, embaraçado. Com o cinturão bem firme, o soldado podia se mover com mais rapidez e confiança.
O erro, a mentira, a falta de honestidade e de lealdade são fatais, deixando o guerreiro desajeitado, levando-o à derrota. “Seja, porém a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar, vem do maligno” (Mt 5:37). Satanás é o Pai da mentira. Não devemos dar lugar para ele. Ser verdadeiros em tudo é o que nos deixa firmes na luta. Vamos, pois, estar firmes, na verdade!
O conhecimento das doutrinas e das verdades bíblicas é da maior importância, inclusive memorizar versículos da Palavra de Deus é um dos maiores segredos para vencer o erro. Jesus após o seu batismo, no início do seu ministério foi fortemente tentado pelo diabo e lemos em Mateus 4 que Jesus obteve maravilhosa vitória simplesmente citando a Palavra de Deus que ele sabia de cór.
- couraça — “Vestindo-vos da couraça da justiça” (Ef 6:14).
A couraça era uma espécie de peitoral, feita com materiais resistentes como couro, bronze, ferro, etc. Servia para proteger os órgãos vitais, especialmente o coração.
Estar revestido com a couraça da justiça implica em viver uma vida reta, íntegra, santa. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23).
É muito importante saber que Jesus, quando morreu na cruz em nosso lugar, como nosso substituto, tomou sobre si o nosso pecado e nos deu a sua justiça. Olha o que está escrito em 2 Coríntios 5:21: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. Todos os nossos pecados foram liquidados, embora a raiz do pecado ainda permaneça em nós, e a nossa luta contra o pecado é constante, e uma da mais difíceis de vencer. Quando o inimigo nos tenta, levando-nos a duvidar de Deus, a desobedecê-lo, devemos sempre lembrar que o nosso maior amigo, Jesus, sofreu pelo nosso pecado e nós não devemos brincar com o pecado, pelo contrário, revestido com a couraça da justiça, podemos escolher e fazer o que é certo. Deus mesmo nos guia pelo caminho da justiça, por amor do Seu nome (Salmo 23:3).
- sapatos — “Calcai os pés com a preparação do evangelho da paz” (Ef 6:15).
Os pés nos conduzem por todos os lugares. Os calçados de um guerreiro tinham solas com pregos, para que pudessem ficar firme, de pé, sem cair, no enfrentamento do inimigo corpo a corpo.
Parece uma contradição dizer que a nossa guerra é para trazer a paz, que só pode ser conseguida quando há reconciliação com Deus. Bem que podemos recordar as palavras do profeta Isaías: “Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia cousas boas, que faz ouvir a salvação…” (Is 52:7).
Os sapatos da paz dão firmeza, porque temos paz com Deus, pois somos por Ele amados, perdoados. Somos seus filhos pela fé em Cristo. Leia Romanos 5:1. Podemos também ter paz com as outras pessoas, andando em amor, perdoando, ajudando a todos que nos rodeiam. E, ainda mais, diante das mais diversas lutas e dificuldades, quando conversamos com Deus, pela oração, pela súplica e com ações de graças, temos a paz de Deus em cada situação. Isto é maravilhoso. O inimigo não pode nos derrubar.
- escudo — “embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef 6:16).
Estes escudos eram bem grandes e serviam para proteger o corpo inteiro do soldado. Eram fabricados de madeira, recobertos de couro ou de lona grossa e não se queimavam facilmente, pelo contrário, apagavam os dardos inflamados. Os inimigos atiravam flechas em chamas, ou outras bem afiadas com pontas de ferro.
As sugestões, as dúvidas e os ataques que vêm do maligno querem nos derrubar derrotados, são setas incendiárias, como por exemplo: pensamentos ruins, mentiras religiosas, desejos pecaminosos, palavras contra Deus e Jesus, pensamentos orgulhosos, desejos de grandeza, e tantos mais. Estas setas só podem ser apagadas e só há vitória, se usarmos o Escudo da Fé, que significa ter uma atitude de completa confiança no Senhor e fé nas promessas de Sua Palavra. São grandes e preciosas as promessas de Deus. Todas elas têm em Cristo o cumprimento, como lemos em 2 Coríntios 1:20: “Porque todas as promessas de Deus têm nele o “sim”. Por isso, também por meio dele se diz o “amém” para glória de Deus, por meio de nós”.
- capacete — “tomai também o capacete da salvação” (Ef 6:17).
A parte mais vulnerável e vital do corpo é a cabeça, e seria uma loucura ir para a guerra sem a proteção da cabeça — o capacete.
A salvação, que implica em estar livre da penalidade do pecado, justificado, vem pela graça por meio da fé (Ef 2:8). Trata-se de uma obra do Espírito Santo que leva ao novo nascimento todo aquele que se arrepende dos seus pecados e se volta, pela fé, a Cristo Jesus.
A salvação inclui também estar livre do poder do pecado, quando o crente experimenta a ação do Espírito Santo no processo de santificação.
Ainda, a salvação inclui a libertação da própria presença do pecado, quando na volta do Senhor Jesus os crentes receberão um corpo incorruptível, sendo glorificados.
Ter a mente segura da própria salvação, salvação completa em Cristo, é fundamental na batalha espiritual.
- espada — “tomai… a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Ef 6:17).
Um soldado não precisa apenas estar equipado para defender-se, mas também saber utilizar sua arma, sua espada. A Palavra de Deus, a mensagem do Senhor registrada nas Escrituras, é a arma que o Senhor nos deu para a batalha. “Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15). Jesus, na tentação, venceu o inimigo usando a Palavra. “… resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Tg 4:7).
O fato é que as crianças que já receberam a Cristo como Seu Senhor e Salvador, assim como os adolescentes, jovens, adultos, idosos, não importa qual a idade, todos precisam crescer na graça e no conhecimento do Senhor e aprender a ficar firme na luta contra o mal e o erro. Usar a Armadura de Deus é fundamental.
Como afirmamos no número anterior, é urgente que pastores, líderes, professores, pais, assumam o compromisso de, no trato com os seus, incluindo as crianças, deem prioridade a evangelização, levando-os ao novo nascimento, seguido de um completo discipulado, integrando os cordeirinhos e as ovelhas como bons soldados do exército de Deus, para que assim, com toda a Armadura, na dependência do Espírito Santo, fiquem firmes nesta época de apostasia
Gilberto Celeti
Continua no próximo número