VOU CONTAR TUDO A DEUS
Por Shirlei Araújo Reis
Temos observado e ouvido as notícias sobre o desespero dos refugiados, a dor das famílias que perdem seus entes queridos; temos nos entristecido e até nos chocado com tanta violência que há ao redor do mundo, principalmente na Síria onde nos últimos anos a guerra não tem trégua.
Ao longo da história, sempre que acontece alguma calamidade ou guerras, as crianças são as que mais sofrem – perdem seus pais, ficam traumatizadas com o que veem e sentem; outras são vítimas de abusos, perdem partes de seus corpos indefesos. Quanta maldade! Quanta dor!
No entanto, é delas que surge o clamor mais comovente, mais alto, mais expressivo; o clamor que mais dói ouvir.
Em 2015 uma criança de seis anos morreu afogada na costa de uma ilha grega. Seu corpo estendido na praia parecia ainda gritar por socorro. Talvez um grito de socorro não mais para ela, porém para outros milhares de crianças que continuam a lutar pela sobrevivência e a pedir paz.
Em 2016, outra criança síria, de apenas três anos, chamou a atenção mundial, dizendo que iria contar tudo para Deus. Depois de alguns dias essa criança veio a falecer.
Essas duas crianças já não podem mais clamar, no entanto, existem muitas outras que continuam enfrentando a cada dia um drama diferente – abusos, violência, maus tratos, abandono, exploração sexual, sequestros, guerras, solidão.
As crianças estão clamando! As crianças estão chorando! As crianças estão sofrendo!
Ninguém escuta seu clamor. Ninguém seca suas lágrimas. Ninguém se importa com seu sofrimento.
Então, sabe o que elas fazem? Sim, elas contam tudo a Deus. É como se elas pensassem: “Ah! Vocês não vão nos ouvir? Vão ficar aí de braços cruzados? Vão continuar com sua loucura? Podem deixar, eu sei que tem Alguém que me ouve, que me entende; que me ama. Vou contar tudo para Ele!
Muitos ainda duvidam da fé de uma criança; criticam aqueles que lhes ensinam a Palavra de Deus. Mas, elas creem que há alguém que se importa com elas, que as amam; que é o único que pode socorrê-las. Então, elas contam tudo para Ele – contam tudo a Deus!
Diante disso, podemos aprender algumas lições para guardar no coração:
As crianças podem clamar a Deus. Ao contrário do que muitos pensam e até pregam, as crianças podem sim ter um relacionamento com Deus. Samuel, a pequena escrava na época de Eliseu, Rode, o menino do lanche, são exemplos de crianças que mostraram que confiavam no Deus todo-Poderoso.
Deus ouve o clamor das crianças. Deus se importa com elas e as ama muito. Ele salvou Moisés de ser morto ainda criança; ele ouviu o choro de Ismael no deserto; ele ressuscitou a filha de Jairo.
Deus quer que clamemos pelas crianças. Em Lamentações 2.19, lemos: “Levanta-te, clama de noite no princípio das vigílias; derrama como água, o coração perante o Senhor; levante a ele as mãos, pela vida de teus filhinhos, que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas”. A verdade expressa nesse versículo, infelizmente é tão atual – quantas crianças desfalecem de fome a entrada de todas as ruas. Na Síria, no Brasil, na Índia, nos países da África, no Haiti. Será que estamos seguindo a ordem de Deus de derramarmos nosso coração perante o Senhor, clamando pelas crianças?